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Um Sofá no Chiado

Não sei se vos acontece isto que me ocorre. O que me ocorre, venha de onde vier,é isto que me acontece.

Da mesma família

fado falado

duna lounge

Do mesmo sangue

a camara escura

Amigos

a coluna vertebral

quem és tu de novo

do alto da penha

escola de lavores

ficções e fixações

o insubmisso

um bigo meu

virtualmente irreal

19 janeiro, 2007

A Presidência em visita
Os dados recolhidos pelo sistema de radar do Sofá permitem perceber que ontem á tarde alguém aqui passou vindo da Secretaria Geral da Presidência da República. Esteve cá por 3 minutos e 29 segundos. Não se sabe o que levou. O que leu, o que registou não se sabe.

Mas uma coisa eu sei : o clipping da visita da Índia foi alterado. Deixou de ser a "visita na Imprensa Indiana" para ser a "visita na Imprensa Internacional". Curiosamente, quase todos os recortes electrónicos continuam indianos de origem.

Não tenho a pretensão de pensar que foi por causa de um mero blogue que a "causa foi modificada". Até porque mantém-se - e agora agrava-se - a omissão do incidentezinho de Goa e a ausência da imprensa portuguesa. Esta cobertura da viagem, em regime presidencial, começa a ser analisada, como aqui.

Ainda vai dar tese a algum desocupado.

José Pedro Frazão at 15:03

17 janeiro, 2007

Uma banda a seguir


Os Cold War Kids parecem ser uma banda que pode ir para além do facto de ter dois Matt na banda. E de um deles ter Aveiro como apelido...

José Pedro Frazão at 04:30

16 janeiro, 2007

Espalhávamos sementes de cicuta pelo nevoeiro dos sonhos
As manhãs chegavam como um gemido estelar.

(Al Berto, "o Medo", 87 / Nevoeiro, Ponte 25 de Abril, quase amanhecer de 07)


José Pedro Frazão at 05:09

Clipping Cavaco
Muita gente parece agora fascinada com o acompanhamento online da visita da Presidente da República à Índia. O trabalho está bem feito, de facto, para o género. Em Belém, já o ouvi por aí, alguém - porventura o próprio - foi suficientemente inteligente para transformar a propaganda tecnológica em resultados...
Mas é ridículo, para não dizer provinciano, que a Presidência da República nos queira apresentar um clipping da sua viagem, vista apenas pela imprensa indiana.
Como se, coitados, não soubessemos o que é o Google News. Ou como se a comunicação social portuguesa não estivesse lá, inclusivé com gente a escrever online.

Acontece que na robotizada visita não estava incluído um protesto absolutamente minoritário contra Cavaco em Goa. O interesse jornalístico era evidente, embora a questão mais relevante tenha sido o fim dos gritos com algemas. A maior democracia do mundo não permite manifestações sem violência ?

Coincidência ou não, o clipping da Presidência acabou ali. De Goa já não se relata nada de jornalístico, nem do lado indiano. Na página da Presidência, não há uma explicação.Porque será ?
P.s. A foto é do site da Presidência. Mostra o nosso Chefe de Estado a apresentar a outro Chefe de Estado como funciona a sua página na Internet. E como a foto do senhor Presidente da Índia lá está na english version do seu site...

José Pedro Frazão at 03:54

15 janeiro, 2007

Portugueses

A escolha é muito difícil de fazer. Habituado profissionalmente a hierarquizar, dou por mim a ter ainda mais dúvidas a que sou obrigado. Por isso - e por ser um interessante desafio intelectual - a minha discutível listinha não faz rankings, mas restringe a coisa assim:

Camões e D.Afonso Henriques estão no topo.Pessoalmente, para prejudicar a espada e amansar a controvérsia, ia para o primeiro. Mas tem razão Nogueira Pinto: sem o Conquistador, pelo que sabemos, Camões poderia ter sido o mesmo génio. Mas ao serviço talvez da corte espanhola.

Fernando Pessoa tem que estar na lista. Herda já alguns séculos de país. Mas o seu legado inesgotável poderá ser ainda mais significativo com o passar dos tempos e dos regimes.

D.João II é o único rei que me mereceu consenso, para além do fundador da Primeira Dinastia. Todos os outros foram muito menos na soma das partes interna e externa da acção politica.

Mais importante que o Infante foram para mim os navegadores. Escolho Vasco da Gama e Álvares Cabral e, com algumas reservas, Fernão de Magalhães.


Escolho ainda dois militares - o Soldado Desconhecido, em nome dos anónimos que defenderam o país. E Salgueiro Maia, o verdadeiro heroi do século XX português, cuja coragem e serenidade estão na base da conquista da democracia como valor puro.

No resto divido-me muito. Há poetas e escritores geniais, políticos de grande influência, notáveis homens da ciência, músicos intemporais e, sim, desportistas de grande dimensão interna e externa. O meu critério passa pela portugalidade, influência no curso da História e temporalidade da obra.

Quanto aos Dez Mais, a surpresa de Cunhal passar Soares e da saudável inclusão de Sousa Mendes. Quanto ao resto, descontando alarvidades, fico sem perceber por que Mourinho está à frente de Figo, mesmo que Eusébio seja ainda o maior português da bola.

José Pedro Frazão at 04:50

13 janeiro, 2007

India I















Agora que a minha correria profissional sobre a Índia parece ter terminado, aqui descanso finalmente neste sofazinho chiadino. Ao cabo de dez dias de reportagem, tempo de fazer contas - sete crónicas, duas grandes-reportagens-grandes para radio, duas páginas para o Público, um debate, duas video-reportagens e um dossier na net. Agradeço especialmente à Helena Serra - que tirou este boneco fantástico em Velha Goa - e à Teresa Tamen, ambas pelos videos e fotografias.
A seguir, por aqui, outras histórias da Índia. Da que sobrou e da que vai aparecendo por estes dias.

José Pedro Frazão at 20:00

12 janeiro, 2007

Vamos perder-nos...





Então que seja por uma boa razão.
Uma boa opção de inverno passa pelo velho Chet, esse génio desgraçado da West Coast, do cool jazz dos anos 50. E da morte estupidamente empurrada pela droga por uma janela de hotel de Amesterdão.
Para quem pode, uma boa ideia é espreitar o tributo do Laurent Filipe, na Casa da Música, Sala Dois,no dia 13.

José Pedro Frazão at 19:21

Is there life on HTML




All of old.
Nothing else ever.
Ever tried. Ever Failed.
No matter.
Try Again. Fail Again.
Fail better.

(Samuel Beckett, in Pioravante Marche/Wortsward ho,1983)











A lição serve para tudo - incluindo, porque não, a feitura de um template.

A tradução é de Miguel Esteves Cardoso, in Últimos Trabalhos, de Samuel Beckett,1996, editado pelo Independente, depois do Mec ter traduzido o poema em 88 para a Gradiva:

Tudo desde sempre.
Nunca outra coisa.
Nunca ter tentado. Nunca ter falhado.
Não importa.
Tentar outra vez. Falhar outra vez.
Falhar melhor.

O desenho é de Tom Philips e chama-se Beckett by the Riverside, litografia de 1984.

José Pedro Frazão at 03:33

06 janeiro, 2007

Não sei porquê
Mas cheira-me que a segunda parte do acordo Berardo vai ser jogada na PT.

José Pedro Frazão at 15:35

04 janeiro, 2007

O Presidente Meia-Meia

Fica bem hoje dizer que Sampaio terá sido um frouxo decisor, orador ininteligível e, para alguns, um socialist-forgiver. Poucos defeitos ainda assim, para quem ganhou 4 eleições desde 1989 - duas delas em voto directo e nacional. Deve ter sido do vento, concerteza.

O que irrita em Jorge Sampaio é o seu sentido de Estado. Porque perante dúvidas legítimas - seja de Santana Lopes ou Judite de Sousa - há que responder a direito. Que para as malvas vá a pose e o discurso redondo anexo. O exemplo é a sua incapacidade em esclarecer se garantiu ao defundo PM que não o demitiria.

Na televisão, Sampaio diz que não quer falar de conversas privadas, alegando dever de sigilo de Estado. Nada mais errado. Os cidadãos têm o direito de saber se isso é verdade, uma vez que pode ter sido um episódio-chave para compreender o sentido que tomou a crise do Inverno de 2004. Mais - quando um PR explica em livro as suas acções como Chefe de Estado, tem obrigação de contar esta parte, mesmo da forma mais diplomática que puder. Um dia, nos próximos dez anos, Sampaio dirá a verdade sobre isto.

O que espanta em Sampaio é, por outro lado, a parcial incapacidade de aplicar a si lições politico-mediaticas que retira da acção dos outros. Então a demissão de Souto Moura ( cujo pedido, percebe-se claramente, foi mesmo feito) teria impacto "social"( expressão minha) no MP ?


Teria sempre - e qual o mal ? Não terá o mesmo impacto um ex-mais alto magistrado da Nação dizer que o inquérito do Envelope 9 foi mal conduzido ?

Contar as coisas pelas entrelinhas, ficar a meio dos processos é um jogo de há mais de 30 anos. Muitos admiradores de Sampaio não ficaram até ao fim devido a esta forma meia-meia de agir de um homem que, como poucos na politica portuguesa, não fez corte nem deixou clientela.

José Pedro Frazão at 22:24

03 janeiro, 2007

A corda

Creatures kissing in the rain, Shapeless in the dark again. In the hanging garden, Please don't speak. In the hanging garden, No one sleeps. Casting haloes on the moon, Gives my hands the shapes of angels. In the heat of the night,The animals scream. In the heat of the night, Walking into a dream... Fall fall fall fall, Into the walls. Jump jump out of time. Fall fall fall fall, Out of the sky. Cover my face as the animals cry, In the hanging garden. Creatures kissing in the rain, Shapeless in the dark again. In a hanging garden , Change the past. In a hanging garden, Wearing furs and masks... Fall fall fall fall, Into the walls. Jump jump out of time, Fall fall fall fall. Out of the sky, Cover my face as the animals die. In the hanging garden, In the hanging garden.

(the hanging garden, the cure, 1982, Fiction Records)

José Pedro Frazão at 19:48

Lost in translation





As pontas da Grande Meada estão em todo o lado. Mas os fios, alguns de qualidade brilhante, não se atam com facilidade. Passam por nós. E não são cegos. Vão ao estômago e ao coração. Fazem sangrar.


Babel é um bom filme, sem dúvida. Mas falta-lhe argamassa ou engenharia para cumprir a maquete, para ser um sólido edifício.

Hipótese de torre, mal acabada, é um desperdício de boas ideias quase todas bem concretizadas.

José Pedro Frazão at 01:24

02 janeiro, 2007

A lama e o caos
Dearborn.
Que raio de terra para se comemorar um enforcamento.

Pois ali estavam eles. Militantes da causa shiita mostrando os dentes em solo imperial, no Michigan. Um auto-denominado iman local atraía as câmaras para se alegrar pela carrasqueira. Breaking-oráculos americanos repetiam"The death of a dictator". E eles a celebrar, talvez com hamburgueres de soja, para não cortar a cabeça ao porco.


O triste espectáculo de Dearborn leva-me a duvidar da existência de um rebobinanço possivel para esta tragédia. O retorno às fronteiras, à civilidade, à diplomacia ao menos, tudo isso parece duvidoso. Da lama o caos, do caos a lama.
Hoje o que temos pela frente é a desgraça de um mundo politicamente unipolar e socialmente estilhaçado.


Saddam era já o menor dos problemas. Os reais poderes sunitas sempre tiveram reservas sobre o senhor. Pragmáticos, como em quase todo o mundo só os portugueses não são, deixaram adoptar-se face ao favorecimento económico na ditadura. Dessa panelinha, igual a tantas por aí, nasceria tudo o que estes regimes acabam por parir: crime, tráficos,soberba e uma minoria de perseguidos por exclusão das partes em sorteio. Sadr e companhia vem tudo dessa mistura.

Chapeau : o Iraque só pode ser uma grande nação para sobreviver à guerra civil que está a querer sobrepôr as lógicas de poder regional (Irão vs Arábia Saudita, p.ex) ao quadro do nacionalismo tradicional iraquiano (com a particularidade curda e uns amuos de algum Sul).

Curioso, ultimamamente não tenho ouvido falar muito de petróleo.
Agua pesada, é que é.

(Photos:Gary Malerba/AP/Dez.06/Dearborn + Jim Wilson/NYT/Out.06/Bagdad)


José Pedro Frazão at 04:59