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Um Sofá no Chiado

Não sei se vos acontece isto que me ocorre. O que me ocorre, venha de onde vier,é isto que me acontece.

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04 janeiro, 2007

O Presidente Meia-Meia

Fica bem hoje dizer que Sampaio terá sido um frouxo decisor, orador ininteligível e, para alguns, um socialist-forgiver. Poucos defeitos ainda assim, para quem ganhou 4 eleições desde 1989 - duas delas em voto directo e nacional. Deve ter sido do vento, concerteza.

O que irrita em Jorge Sampaio é o seu sentido de Estado. Porque perante dúvidas legítimas - seja de Santana Lopes ou Judite de Sousa - há que responder a direito. Que para as malvas vá a pose e o discurso redondo anexo. O exemplo é a sua incapacidade em esclarecer se garantiu ao defundo PM que não o demitiria.

Na televisão, Sampaio diz que não quer falar de conversas privadas, alegando dever de sigilo de Estado. Nada mais errado. Os cidadãos têm o direito de saber se isso é verdade, uma vez que pode ter sido um episódio-chave para compreender o sentido que tomou a crise do Inverno de 2004. Mais - quando um PR explica em livro as suas acções como Chefe de Estado, tem obrigação de contar esta parte, mesmo da forma mais diplomática que puder. Um dia, nos próximos dez anos, Sampaio dirá a verdade sobre isto.

O que espanta em Sampaio é, por outro lado, a parcial incapacidade de aplicar a si lições politico-mediaticas que retira da acção dos outros. Então a demissão de Souto Moura ( cujo pedido, percebe-se claramente, foi mesmo feito) teria impacto "social"( expressão minha) no MP ?


Teria sempre - e qual o mal ? Não terá o mesmo impacto um ex-mais alto magistrado da Nação dizer que o inquérito do Envelope 9 foi mal conduzido ?

Contar as coisas pelas entrelinhas, ficar a meio dos processos é um jogo de há mais de 30 anos. Muitos admiradores de Sampaio não ficaram até ao fim devido a esta forma meia-meia de agir de um homem que, como poucos na politica portuguesa, não fez corte nem deixou clientela.

José Pedro Frazão at 22:24