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Um Sofá no Chiado
Não sei se vos acontece isto que me ocorre.
O que me ocorre, venha de onde vier,é isto que me acontece.
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Da mesma família Do mesmo sangue a camara escuraAmigos a coluna vertebral quem és tu de novo do alto da penha escola de lavores ficções e fixações o insubmisso um bigo meu virtualmente irrealTinta Recente
Foto-pilhagem
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26 fevereiro, 2007 Diarios do Chile - XXVIII - Uma noite no Deserto (parte 2)
Estava escuro. O deserto sem lua nao tem nada que ver. Apenas se pressente a imensidao e o burburinho de medias luzes indica que ali está uma vilazita. Numa estrada palmilhada por lanternas, demos com a entrada de um rio seco. Ali acendemos e apagámos um lume precário, sinal de revolta pela ida ao engano. Nao havendo rave, fizemo-la. Nao havendo gente, recrutámo-la entre os casais de namorados nas soleiras nocturnas de San Pedro. E ao corpo de insurrectos foi sendo membrado um espírito globalista, de festa e música de paródia. Uma banda sem instrumentos que nao a voz fez-se de gente que nao se viu nunca na noite escura de Atacama. E daí, até que se fez fogo...
Esgotámos todas as cantigas populares portuguesas e todos - peruanos, chilenos, polacos, portugueses - nos desafiámos na noite fria de Atacama. A marcha até aqui chegar começou com 5 pessoas e acabou com uma vintena de boémios, machos e fêmeas inconformados com o recolher quase obrigatório, seguidos em fila de lanternas por caes e carros pela estrada de terra que conduz ao rio seco de San Pedro. Tivemos sorte em nao encontrar os carabineros. A fogueira, a segunda e agora consistente, duraria 2 a 3 horas... Conversas sobre povos, experiencias sociais, política, vadiagens várias fizeram a nossa sala de estar no deserto. Alguém misturou mesmo o que é improvável. Das bebidas internacionais, só havia mesmo o rótulo....Por fim, sem voz, quase sem luz, procurámos o trilho de casa. E despedimo-nos com beijos a pessoas cuja cara nunca vimos na penunbra do deserto. Estava consumada uma das mais mágicas noites da nossa viagem. |